História da classificação dos seres vivos
Na Grécia antiga houve a primeira tentativa de agrupar seres vivos de
acordo com as semelhanças que apresentavam entre si. Neste período houve o
reconhecimento de dois grupos: vegetais e animais. Platão indicou que os
seres vivos poderiam fazer parte de diferentes linhagens, que teriam surgido
através da criação divina: os que surgiriam por reprodução ou outro meio seriam
cópias idênticas imperfeita dos seres ideais.
A própria diversidade biológica despertou a curiosidade dos cientistas,
e eles perceberam que havia uma relação de parentesco entre alguns animais e
outros, não. A partir disso, surgiu a necessidade da elaboração de
um sistema hierárquico. Foi Carl von Linné (Carolus Linnaeus ou Carlos Lineu),
com a publicação de Systema Naturae em meados do século XVIII, quem elaborou um sistema bastante minucioso e
avançado para a época. Ele agrupou grupos de espécies com afinidades e
descreveu muitos organismos.
Aproximadamente um século depois, Charles Darwin empregou um enfoque
evolutivo no sistema de classificação dos seres vivos (caráter dinâmico das
populações – grupo de indivíduos de uma mesma espécie que habitam uma
determinada área geográfica durante o mesmo período de tempo). Suas ideias
mudaram o pensamento científico em relação ao comportamento da diversidade
biológica. Uma célebre frase deste grande cientista é "Não é o mais forte
que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às
mudanças". As espécies passaram a ser classificadas de acordo com a
origem ou ancestralidade comum , que serviu como base para o modelo atual de
classificação.
Robert Whittaker, propôs que os seres vivos fossem agrupados em
cinco reinos:
- Monera:
Bactérias, organismos unicelulares procariontes (não possuem envoltório
nuclear e uma série de organelas). Muitos são heterotróficos e alguns
autotróficos.
- Protista:
Reúne os protozoários (heterotróficos), como ameba e paramécio, e as algas
unicelulares (autotróficas), como diatomáceas e euglena. São unicelulares
eucariontes, portanto, a célula é mais complexa (núcleo individualizado e
diversas organelas). Muitos autores incluem nesse reino as algas verdes,
pardas e vermelhas (em sua maioria, pluricelulares), mas com estrutura
mais simples que as plantas terrestres.
- Plantae
(Metaphyta): organismos eucariontes, pluricelulares, autotróficos. São as
plantas terrestres. Outros autores incluem as algas já mencionadas, nesse
grupo. Para outros, apenas as algas verdes fazem parte do Reino Plantae.
- Animalia
(Metazoa): organismos pluricelulares eucariontes, heterotróficos, que,
quase sempre vivem da ingestão e digestão de moléculas orgânicas complexas
retiradas de outros organismos.
- Fungi:
engloba os fungos, que são seres vivos uni ou pluricelulares e
heterotróficos por absorção (absorvem moléculas simples do ambiente). A
maioria vive às custas da decomposição de matéria orgânica do ambiente.
Regras internacionais de nomenclatura:
- Todos
os nomes devem ser escritos em latim, e se derivarem de outra língua,
devem ser latinizados;
- De
gênero até reino, a primeira letra do termo deve estar em maiúsculo.
Gênero é sublinhado ou escrito em itálico;
- O
nome das espécies é binomial. Assim como o gênero, é escrito em itálico ou
sublinhado (Falar sobre nome genérico e epíteto específico). Ex.: Homo
sapiens, Felis domesticus, Musca domestica. Cada espécie tem um nome
único.
- Nomenclatura
de subespécie (populações das espécies isoladas geograficamente, mas que
podem se tornar novas espécies num futuro) é trinomial.
- Subgênero:
encontra-se entre o nome genérico e epíteto específico. Fica separado
entre parênteses. Ex.: Aedes (Stegomya) aegypti.
- O
autor da descrição, quando citado, aparece após o nome e sem pontuação
separando. A data é separada por vígula. Ex.: Trypanossoma cruzi Chagas,
1909.
- Lei
da prioridade: animais que forem descritos, por acaso, já tenham sido por
outros autores, quem fica com o nome é o que foi descrito primeiro. Para
dar um nome, os autores devem seguir todas as regras internacionais.
- Famílias do Reino Animal recebem o sufixo –idae (Felidae, Canidae), e subfamílias o sufixo -inae (Felinae, Caninae). Para plantas, o termo utilizado para
designar família é -aceae (Rosaceae, família da roseira. Cactaceae, família dos cactos). E -ales para Ordem (Coniferales, ordem do pinheiro. Fabales, ordem das plantas
leguminosas).
- Um
dos métodos utilizados para determinar grau de parentesco, é a análise de
proteínas presentes do DNA. Cada espécie apresenta uma variação na
sequencia de aminoácidos, e quanto maior a distância, menor o grau de
parentesco.
- Quando
há um isolamento geográfico dentro de uma população de certo organismo, a
tendência é que haja diferenciação ao logo do tempo. As mudanças nos genes
vão ocorrendo ao logo do tempo, portanto, a proteína e o DNA funcionam
como um “relógio molecular”, dando pistas de quanto tempo se passou desde
a separação de um grupo.
Critérios utilizados na classificação dos seres
vivos
Os critérios utilizados no processo de classificação são: semelhanças na
anatomia (órgãos homólogos/análogos), na fisiologia, no desenvolvimento
embrionário, no DNA, no RNA e na estrutura celular e bioquímica dos seres vivos
atuais ou extintos. No caso de animais que vivem em um mesmo ambiente, um
fenômeno bastante observado é a evolução convergente (Ex.: peixes e baleias).
Grupos taxonômicos
Os principais grupos taxonômicos são: Reino, Filo (Divisão, no caso de
fungos e vegetais), Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. É importante ter
em mente que quanto maior o nível hierárquico, menor são as características em
comum compartilhadas entre os grupos. Ainda, existem grupos intermediários: sub
e supergêneros, sub e superfamílias, sub e superordens etc.